domingo, 7 de setembro de 2008

EMBRIAGUÊS

Deve- se estar sempre bêbado.
É a única questão.
Afim de não se sentir o fardo horrível do tempo,
que parte tuas espáduas e te dobra sobre a terra.
É preciso te embriagaressem trégua.
Mas de quê?De vinho, de poesia ou de virtude?
A teu gosto mas embriaga-te.
E se alguma vez sobre os degraus de um palácio,
sobre a verde relva de uma vala,
na sombria solidão de teu quarto,
tu te encontras com a embriaguez já minorada ou finda,
peça ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro,
ao relógio, a tudo aquilo que gira, a tudo aquilo que voa,
a tudo aquilo que canta, a tudo aquilo que fala,
a tudo aquilo que geme.
Pergunte que horas são.
E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, te responderão.
É hora de se embriagar !!!
Para não ser como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te.
Embriaga-te sem cessar.De vinho, de poesia ou de virtude.
A teu gosto...
(Charles Baudelaire)

Nenhum comentário:

Blog Widget by LinkWithin