sexta-feira, 7 de novembro de 2008

BLOGAGEM COLETIVA - "HOJE É DIA DE CECÍLIA"


Cecília Meireles

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

(Romanceiro da Inconfidência)


Cá estamos nós em mais uma

blogagem coletiva!

Uma felicidade enorme poder estar

homenageando esta bela mulher

no dia do seu aniversário!

HOJE É DIA DE CECÍLIA

É uma bela iniciativa da Leonor do

blog Na dança das palavras





Cecília Benevides de Carvalho Meireles
Nascimento=Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1.901 —
Morte= Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1.964-

foi uma poetisa ,escritora e tradutora brasileira.

Órfã do pai, Carlos Alberto de Carvalho Meireles, três meses antes de seu nascimento, e da mãe, Matilde Benevides Meireles aos três anos de idade. Os seus pais haviam tido três outros filhos antes dela, nenhum dos quais sobrevivera. A sua poesia, focada com frequência na passagem do tempo e na ausência de sentido da vida, foi fortemente influenciada por essas perdas.Escreveria mais tarde:

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."


TRÊS ORQUÍDEAS

As orquídeas do mosteiro fitam-me com seus olhos roxos.
Elas são alvas, toda pureza,
com uma leve mácula violácea para uma pureza de sonho triste, um dia.

Que dia? que dia? dói-me a sua brevidade.
Ah! não vêem o mundo. Ah! não me vêem como eu as vejo.
Se fossem de alabastro seriam mais amadas?
Mas eu amo o terno e o efêmero e queria fazer o efêmero eterno.

As três orquíedas brancas eu sonharia que durassem,
com sua nervura humana,
seu colorido de veludo,
a graça leve do seu desenho,
o tênue caule de tão delicado verde.
Que elas não vêem o mundo, que o muno as visse.
Quem pode deixar de sentir sua beleza?
Antecipo-me em sofrer pelo seu desaparecimento.
E apira sobre elas a gentileza igualmente frágil,
a gentlileza floril
da mão que as trouxe para alegrar a minha vida.

Durai, durai, flores, como se estivésseis ainda
no jardim do mosteiro amado onde fostes colhidas,
que escrevo para perdurares em palavras,
pois desejaria que para sempre vos soubessem,
alvas, de olhos roxos (ah! cegos?)
com leves tristezas violáceas na brancura de alabastro.


Cecília Meireles



CANÇÃO MÍNIMA


No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.



Cecília Meireles
Publicado no livro "Antologia Poética" de l.963


NOVE

Vi teus vestidos brilharem
sem qualquer clarão do dia.
Disseram ser luz de flores,
flores de campos extensos,
cujos nomes nem sabiam ...

Vi teu rosto luminoso
inclinar-se em meu silêncio.
Mas disseram ser a lua,
prismas de estrelas, areias,
marinha fosforescência ...

E tua voz me falava
em grandes raios profusos.
Mas diziam ser o vento,
o outono pelas ramagens,
o idioma cego dos búzios ...

E andei contigo em minha alma
como os reis levam coroas
e as mães carregam seus filhos
e o mar o seu movimento
e a floresta seus aromas.

Diziam que era da noite,
da miragem dos desejos ...

Hei de banhar os meus olhos
nas mil ribeiras da aurora,
para ver se ainda te vejo.


Cecília Meireles
Doze Noturnos da Holanda
e outros poemas.





12 comentários:

Renato Trindade disse...

Bom dia querida amiga Serena!

Parabéns por este lindo post que traz textos de grande significação para a literatura brasileira. Mais do que uma participação e/ou homenagem temos aqui uma aula muito informativa! Lindas imagens! Aprendi bastante hoje...

Fique com Deus!
Bom final de semana!
Bjs de Luz!
HappyBlue:)

ps1. logo pela manhã quando vi o post do nosso querido amigo Oscar apontando para esta blogagem coletiva, pensei... "Alma Poeta"!!! Please, help me! rsrs Tinha certeza que encontraria aqui uma linda homenagem!

ps2. amei as novidades! Cabeçalho, música e principalmente a lembrança do meu aniversário que colocou em sua "side-bar" no campo "presentes"... + 1 obrigado! (estou indo embora todo vaidoso... rsrs)

ps3. \o/ Penso que consegui comentar em resumo, mas me empolguei em "ps."... + 1 bj! rsrs

Carla MB disse...

Legal que também tenha participado desta blogagem coletiva...
O seu blog ganhou mais uma visitante... rs...
Bjôooooo

Anônimo disse...

Que delícia de post este seu...
É como virar a página de um livro de Cecília. Ainda ontem estava a ler vaga viagem. Abraços meus...

Anônimo disse...

Tua postagem esta deliciosamente linda!
E viva Cecilia!

Meire

Unknown disse...

Parabéns pela linda homenagem.
Abraços e uma sexta-feira cheia de poesia.

Renato Trindade disse...

Você é simples e serena. Seu trabalho irradia luz e nos brinda a cada novo dia com lindos textos do fabuloso mundo poético. Resultado desta soma = Alma Poeta! Parabéns e sucesso querida amiga! Também te gosto "de graça"! Obrigado pela sua amizade!

Bjs de Luz!
HappyBlue:)

ps. \o/ Ééé!!! Penso que consegui... rs + 1 bj!

ETERNA APAIXONADA disse...

*****

Um mimo para esta noite:

O AMOR

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor
são os fortes.
Os que sabem o que querem
e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!!

© Cecília Meireles

Tenha uma linda noite! Doces sonhos!
Beijos

Helô

*****

Elcio Tuiribepi disse...

Muita Cecília por aqui, mas acho que ela merece. Vi a Blogagem Coletiva e achei super bacana, espero participar de outras do mesmo tipo e com certeza vou divulgar aos blogs amigos ao qual mantenho contato para que participem também. Bela iniciativa...Oura coisa que tenho visto também é a indignação quanto ao esquecimento do nosso folclore...é isso aí...apareça...um abraço na alma, bom final de semana. Parabéns pelo blog...

Anônimo disse...

Que lindo ! Belíssima participação a sua !

Eu participei com "A arte de ser feliz"... mais uma obra prima da Cecília !

beijocas
Lys

Leonor Cordeiro disse...

CANÇÃO MÍNIMA


No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.



Sua postagem é mais um presente que a blogagem recebe.
As escolhas dos poemas e das imagens mostram o seu desejo de homenagear a nossa Cecília!

OBRIGADA! OBRIGADA! OBRIGADA!

Foi um prazer ter a sua companhia nesse momento tão especial de amor escancarado por Cecília Meireles.
Mil beijinhos!
Com carinho,

Leonor Cordeiro

Vanessa Anacleto disse...

Lindo post. Aliás com um mote desses não dá pra errar, né? Parabéns. Boa semana

Ivani disse...

Olá!
Estou visitando os blogs que participaram do blogagem coletiva - Hojé é dia de Cecília - adorei seus posts, parabéns
Beijos
Ivani
www.amopapel.blogspot.com

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