sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CONCURSO "O CONTADOR DE HISTÓRIAS"







Quando criança por motivos financeiros, eu e minha família
fomos levados à morar no sítio dos meus avós.
Era um lugar muito afastado
(Pra quem conhece, ficava lá pra dentro de Saracuruna)
Era muito criança, mas lembro-me de tudo como se por
lá ainda vivesse.
Tinha a casa grande onde ficavam meus avós e a casa menor
(que diziam ser do caseiro) onde morávamos.
Pra mim e meus irmãos que éramos crianças, era tudo
maravilhoso. Muito verde e espaço pra brincar...e como
aprontávamos...aff!rs
Mas, como todo lugar antigo, este também vinha carregado de
antigas histórias.
Em noites de lua cheia, costumávamos nos reunir no varandão
da casa grande, tendo em vista que não havia televisão por lá,
e costumávamos ficar até tarde ouvindo as histórias dos meus
avós e dos meus pais. E não sei porquê as histórias sempre
se bandiavam para os contos de assombração.
Morríamos de medo, mas ao mesmo tempo ficávamos excitados
para ouvir os casos de lobisomem e dos fantasmas que viviam por lá.
Desde pequena sempre fui muito sensitiva.
Sempre via e ouvia coisas que não queria ouvir e um belo dia,
lá estava eu brincando em frente à casa grande, quando de repente
me deparo com uma cena que quando lembro, até hoje me arrepio.
Em frente à cozinha da casa grande, que ficava na parte de tras da casa,
 havia uma árvore muito antiga e que agora não me
recordo o nome, mas sei que era muito antiga.
Preso na árvore vi um homem negro...um escravo pra ser mais exata e um
homem branco chicoteando o pobre com toda vontade.
Quando vi...congelei e fiquei ali...paralizada, sem dar um suspiro sequer.
O escravo olhou pra mim, ele tinha a expressão sofrida de dor e tinha
lágrimas nos olhos. Parecia me pedir socorro.
Eu era criança, mas entendi a expressão do seu olhar.
Acho que foi questão de segundos, mas pra mim pareceu uma eternidade.
A visão sumiu na minha frente como em forma de fumaça, subiu aos céus e
eu finalmente pude me mexer e gritar(e como gritei).
Na mesma hora veio mãe, pai, avó todo mundo pra saber o que estava havendo.
E quando contei, minha avó confirmou que antes ali era uma senzala e que
era bem provável que o escravo tivesse vivido ali em outros tempos.
Essa foi uma das tantas visões que já tive na vida, mas com certeza,
foi a que mais me marcou e quando lembro daquela expressão dos
olhos do escravo, meu coração fica apertadinho e choro sempre.
Não sei o porquê dele ter aparecido pra mim, mas acho que de alguma forma
estivemos e estamos ligados durante toda a minha vida.

Serena.

Este post faz parte da Blogagem Coletiva
"Uma Noite de Arrepiar"
 proposta pelo Kriativa Blog da amiga
Raquel Machado.


6 comentários:

EDUARDO POISL disse...

“Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.”
Miguel de Unamuno

Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho
Abraços

Elvira Carvalho disse...

Gostei muito da sua história. Um abraço e bom fim de semana

Raquel Machado disse...

Oi flor, vim conferir sua história de halloween realmente achei ela muito interessante ainda mais por ser verídica...adorei sua participação...Bjosssss..

Luma Rosa disse...

Uau, tem mesmo essas 'visões'? Acredito que esteja trabalhando isto, eu ficaria encabulado, no mínimo!! Parabéns pela participação! Beijus,

Rosana Ibanez disse...

Poxa Serena, fiquei arrepiada com a sua história! Acredito que as crianças tem mais sensibilidade pra ver e sentir certas coisas, pelo menos é o que dizem...
Um beijão e uma ótima semana p/vc.

Ahab disse...

Eu nunca tive uma aparição destas. Eu já ví OVNIS, e escutei um sibilo de cobra do lado de fora da janela bem estranho que me arrepiou a espinha. Mais nada comprovado que seja algo fora do comum.

Ví também uma mão na janela que me arrepiou e me deixou uma semana encucado, depois descobrí que foi minha mãe que me pregou uma peça.

Direto da terrinha.
Beijos.

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