quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"MAIS ALTO"


Mais alto, sim! mais alto, mais além

Do sonho, onde morar a dor da vida,

Até sair de mim! Ser a Perdida,

A que não se encontra! Aquela a quem

O mundo não conhece por Alguém!

Ser orgulho, ser águia na subida,

Até chegar a ser, entontecida,

Aquela que sonhou o meu desdém!

Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível!

Turris Ebúrnea erguida nos espaços,

À rutilante luz dum impossível!

Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber

O mal da vida dentro dos meus braços,

Dos meus divinos braços de Mulher!


Florbela Espanca

in: CHARNECA EM FLOR(1931, PÓSTUMAS)

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